Festival do Rio round-up

Acabou hoje. Não consegui ver tudo o que queria, já que não me dediquei integralmente ao festival. O saldo foi positivo: gosto de todos os filmes que vi, alguns (muito) menos que outros. Tentarei pegar algumas coisas na repescagem, que começa amanhã, entre elas ‘O Ato de Matar’ e o Bressane novo. Abaixo uma lista de tudo o que assisti, em ordem de preferência. Além destes, há outro dois filmes que estavam aqui, mas vi no INDIE, portanto não entram: ‘Computer Chess’ e ‘Eu era mais sombrio’. Ambos muito bons; estariam no segundo tier. Depois vejo se faço algum comentário sobre alguma coisa.

Tier #1
[A] Imigrante (James Gray, 2013)
Bastardos  (Claire Denis, 2013)
A Garota de Lugar Nenhum  (Jean-Claude Brisseau, 2013)
Blind Detective (Johnnie To, 2013)
Our Sunhi (Hong Sang-soo, 2013)
Only Lovers Left Alive (Jim Jarmusch, 2013)

Tier #2
A Filha de Ninguém (Hong Sang-soo, 2013)
A Imagem que Falta (Rithy Panh, 2013)
A Gatinha Esquisita (Ramon Zürcher, 2013)
Em Berkeley (Frederick Wiseman, 2013)
Um Estranho no Lago (Alain Guiraudie, 2013)
Nebraska (Alexander Payne, 2013)
Yella (Christian Petzold, 2007)
Agora é o momento (Alain Guiraudie, 2005)
Tip Top (Serge Bozon, 2013)

Tier #3
Meia sombra (Nicolas Wackerbarth, 2013)
Abuso de Vulnerável (Catherine Breillat, 2013)
Real (Kiyoshi Kurosawa, 2013)
Night Moves (Kelly Reichardt, 2013)
A Dança da Realidade (Alejandro Jodorowsky, 2013)
The Canyons (Paul Schrader, 2013)

Festival do Rio 2013

Começou ontem o Festival do Rio. Verei se posto algumas coisas por aqui. As vezes a gente reabre; quase um ano sem posts. Abaixo a lista dos filmes que pretendo ver – estão na programação que montei -, em ordem alfabética. Com certeza não conseguirei ver todos. Recomendo ainda Computer Chess, que vi no INDIE 2013 e é incrível.

[Estão em vermelho os filmes de retrospectivas ou sessões especiais; os azuis são os filmes mais recentes.]

Abuso de Vulnerável, de Catharine Breillat
Agora é o Momento, de Alain Guiraudie
Até que a Loucura nos Separe, de Wang Bing
O Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer
Auto Focus, de Paul Schrader
Bastardos, de Clarie Denis
Blind Detective, de Johnnie To
Cat People, de Paul Schrader
A Cidade Abaixo, de Christoph Hochhäusler
O Conhecido Desconhecido, de Errol Morris
A Dança da Realidade, de Alejandro Jordorowsky
Dreileben: Algo Melhor que a Morte, de Christian Petzold
Em Barkley, de Frederick Wiseman
Um Estranho no Lago, de Alain Guiraudie
A Filha de Ninguém, de Hong Sang-soo
A Garota de Lugar Nenhum, de Jean-Claude Brisseau
A Gatinha Esquisita, Ramon Zürcher
A Imagem que Falta, de Rithy Pahn
O Inquilino, de Alfred Hitchcock
O Imigrante, de James Gray
Joe, de David Gordon Green
Mar Negro, de Rodrigo Aragão
Mishima: Uma Vida em Quatro Tempos, de Paul Schrader
Night Moves, Kelly Reichardt
Only Lovers Left Alive, de Jim Jarmursh
Our Sunhi, de Hong Sang-soo
Ouro, Thomas Arslan
Por um Lugar ao Sol + Esse Velho Sonho que se Move (serão exibidos juntos), de Alain Guiraudie
Quando Cai a Noite em Bucareste ou Metabolismo, de Corneliu Porumboiu
Real, Kiyshi Kurosawa
Sacro Gra, de Gianfranco Rosi
Tatuagem, de Hilton Lacerda
Tip Top, de Serge Bozon
A Última Gargalhada, de F.W. Murnau
O Último dos Injustos, de Claude Lanzmann
Vosso Ventre, de Brillante Mendoza
Yella, de Christian Petzold

2012

Lista com os 50 melhores filmes que vi em 2012, valendo produções dos últimos 5 anos. Tem muita coisa que já entrou em lista de muita gente ano passado, retrasado, re-retrasado, etc. Tem muita coisa que infelizmente não consegui ver também, mas é a vida.

(Antes, uma menção especial para a terceira temporada de Boardwalk Empire que, se elegível pra esta lista, estaria muito bem colocada.)

O melhor:
Mistérios de Lisboa, de Raúl Ruiz
Não conheço (ainda) o cinema deste chileno, mas este filme, que serviu como porta de entrada, é mais que espetacular; é sublime. Uma trama rocambolesca que se apresenta num movimento de vai-e-volta, tanto da câmera quanto da história, durante 4 horas e meia, em que a história de um personagem desemboca na outra e todas elas ganham espaço precioso em tela – e você nunca, nunca fica perdido.

Outros 4, em ordem:
Holy Motors, de Leos Carax
Ao apresentar este filme no Festival do Rio, Carax disse poucas palavras, algo como ‘este filme é simples, se não entendê-lo agora, espere até amanhã’. Este longa pode até se apresentar assim, mas temos sua estrutura, sua história e suas possíveis interpretações pra não acreditar nisso. E temos também a melhor atuação do ano.

Pina, de Wim Wenders
Wenders filma o balé como filme a vida; transpõe-o para a vida. Também filma o balé como cinema, e aí nos apresenta uma das melhores experiências que o 3D trouxe: estar dentro da dança. Não é preciso entender sobre dança pra ver este filme.

A Música Segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos
“A linguagem muscial basta”: esta frase aparece ao final desta fita, tentando justificar o que acabamos de ver. Felizmente, Nelson sabe que nem sempre basta e utiliza não só da música mas também de incontáveis imagens de arquivos para te introduzir não a vida, mas a música segundo Tom Jobim.

Killer Joe, de William FriedkinSabe a expressão ‘com os dois pés no peito’? É basicamente o que me veio a cabeça ao terminar de ver este filme. Sujo, visceral, carregado por um personagem absurdo vivido de forma absurda por Matthew McConaughey, esta trama simples ganha contornos destoantes na mão de Friedkin.

O resto, sem comentários e em ordem:
6. Moonrise Kigdom, de Wes Anderson
7. Caminho para o Nada, de Monte Hellman
8. Tabu, de Miguel Gomes
9. Hahaha, de Hong Sang-soo
10. O Estranho Caso de Angélica, de Manoel de Oliveira
11. Horas de Verão, de Olivier Assays
12. The Day He Arrives, de Hong Sang-soo
13. Missão Madrinha de Casamento, de Paul Feig
14. Senna, de Asif Kapadia
15. Drive, de Nicolas Winding Refn
16. A Separação, de Asghar Farhadi
17. ¡Vivan las Antipodas!, de Victor Kossakovsky
18. Isto Não É um Filme, de Jafar Panahi
19. Histórias que Contamos – Minha Família, de Sarah Polley
20. A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese
21. Fausto, de Aleksandr Sokurov
22. Crazy Horse, de Frederick Wiseman
23. Os Vingadores, de Joss Whedon
24. Meek’s Cutoff, de Kelly Reichardt
25. Histórias que só existem quando lembradas, de Júlia Murat
26. Guerreiro, de Gavin O’Connor
27. Poder Sem Limites, de Josh Trank
28. Essential Killing, de Jerzy Skolimowski
29. A Última Vez que Vi Macau, de João Pedro Rodrigues e  João Rui Guerra da Mata
30. Viola, de Matías Piñeiro
31. Margaret, de Kenneth Lonergan
32. As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky
33. 50%, de Jonathan Levine
34. A Família Wolberg, de Axelle Ropert
35. In Another Coutry, de Hong Sang-soo
36. The Deep Blue Sea, de Terence Davies
37. Quatro Leões, de Chris Morris
38. O Artista, de Michel Hazanavicius
39. Shame, de Steve McQueen
40. Loki – Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle
41. O Guarda, de John Michael McDonagh
42. Um Lago, de Philippe Grandrieux
43. Kill List, de Ben Wheatley
44. O Espião que Sabia Demais, de Tomas Alfredson
45. Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca
46. Girimunho, de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina
47. 007 – Operação Skyfall, de Sam Mendes
48. As Quatro Voltas, de Michelangelo Frammartino
49. Life Without Principle, de Johnnie To
50. Marcados para Morrer, de David Ayer

O Garoto Selvagem

Três trechos de um trabalho de antropologia para a faculdade sobre O Garoto Selvagem, de François Truffaut. Não ficou essas coisas, mas eu gostei e passei, então beleza.

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A imagem de um menino nu, sujo, ao topo de um arvora de tamanho considerável é mostrado em meio a um bosque num belo plano aberto logo no início de O Garoto Selvagem, filme de 1970 dirigido por François Truffaut, serve como significativo tanto para seu passado, existente apenas no universo diegético, quanto para seu futuro (a trama): se aquela imagem nos mostra a harmonia do menino naquela que é sua zona de conforto e a tranquilidade e força de sua presença, também nos serve como comparativo para o que ainda há de vir, para a introdução de civilidade naquele rapaz; esta também é a introdução do personagem rousseano na película. Não é por acaso, então, que Truffaut termina esse plano com um fade centralizando na figura do Menino Selvagem; o diretor conhece a força da montagem em um filme e faz uso dela de forma a te informar constantemente o essencial a esta história, mesmo que você não perceba.

***

O Garoto Selvagem dialoga de forma muito coerente com a obra de Truffaut, sempre interessado em personagens de infantes rebeldes, um paralelo com o próprio crescimento do cineasta.  Seu personagem mais famoso é Antoine Doinel, um reconhecido alter-ego sempre interpretado por Jean-Pierre Leáud, protagonista de vários de seus filmes, entre eles sua estréia, Os Incompreendidos. Isto ajuda a entender o porquê do diretor escolher este projeto e porque toma tanto cuidado na recriação e condução do personagem principal, cuidado este tão intenso que o próprio Truffaut interpreta Itard na película, como se quisesse ele mesmo cuidar daquele garoto, “dirigi-lo” em frente às câmeras.

Conduzindo assim a história, em meios de fades e uma fotografia em preto e branco que também denotam um classicismo da linguagem, mas principalmente estabelecem o tempo do filme, Truffaut, no papel de Itard, ensina o menino selvagem de Aveyron a se portar em meios sociais – ou pelo menos tenta.

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E isso nos traz de volta a Truffaut. Ninguém poderia ter feito O Garoto Selvagem de forma tão pungente como este diretor. Tratando a infância de forma natural, conduzindo o filme tanto pelo papel de diretor quanto pelo papel de Itard, Truffaut cria uma obra central de como a infância é vital na psique de uma pessoa; de como os acontecimentos que ali tomaram presença são formadores. Sendo ele mesmo um exemplo disso, ele tenta mostrar também um embate entre a condição natural do ser humano e a condição do homem em sociedade, tendo a coragem de, ao final, introduzir uma ambiguidade: na última cena, após fugir e permanecer fora por alguns dias,Victor retorna à casa da Itard, carregando uma expressão pesada que se assemelha àquelas vistas no início do filme; é bem recebido e logo é levado para descansar, sendo avisado de que no outro dia retornaria aos estudos – notícia que recebe com a mesma expressão, sem a leveza da natureza.

Festival do Rio 2012

Curtinha a introdução porque vai ficar grandão isso aqui: aconteceu aí o Festival do Rio 2012, do dia 27 ao dia 11, e eu, felizmente, pude participar. Vi, entre inéditos e retrospectivas, 34 filmes. Aqui vai um breve comentário sobre alguns deles e algumas considerações sobre o evento.

1) A organização como um todo deixou muito a desejar, apesar de os atendentes sempre serem muito educados e até simpáticos comigo. O sistema de retirada de ingresso para o passaporte (meu caso) saiu do ar mais de uma vez e houve casos em que o ingresso para determinada sessão estava sendo vendido na bilheteria mas ele não estava disponível pra retirada na Central de Ingressos (que por sinal, só possuia uns 6 caixas, dos quais apenas 2 para atender a galera do passaporte; isto, junto com a falta de noção de algumas pessoas que decidem montar a programação no balcão, criou grande atraso). Fora isso, problemas com exibição e legenda: peguei algumas sessões com projeção escura e algumas com digital sofrido; muitas legendas digitais possuíam erros grosseiros, mas nada que revoltasse a ponto de abandonar a sessão.

2) Teve dois casos de erros com cópia que impediram a exibição do filme que presenciei: Room 237 no Estação Vivo Gávea e Robot & Frank no São Luíz. Uma pena, pois queria muito ver os dois filmes e não consegui encaixar em algum outro canto da minha programação (e nem vão passar na repescagem).

3) Vi poucos filmes ruins, o que revela ou meu bom dedo pra escolhas ou o do festival. (Ou revela que eu sou bonzinho com os filmes, o que é muito mais provável.) Entre os melhores estão (em ordem de preferência):

a) Killer Joe: Maravilhoso estudo de personagem, dirigido com afinco por Friedkin. Não sei como o Matthew McConaughey consegue fazer tanto filme ruim e ainda assim ter o talento que demostra aqui. A trama simples é perfeita para encaixar as críticas a sociedade de consumo americana e a psicopatia do personagem-título é soberba, culminando em toda a sequência final que entra como uma das melhores coisas que vi esse ano. Sujo, lúcido, rasgado e soberbo. Favor ver esse filme.

b) Tabu: Não me atrevo a delongar sobre essa peça rara dirigida por Miguel Gomes, até porque não vi nas melhores condições e uma revisão será bem vinda. Ainda assim, recomendo fortemente pois o que vi era lindo, daquelas belezas que não se encontra em qualquer lugar. Incrível como Gomes faz uma apropriação da linguagem cinematográfica e cria uma linguagem própria, densa, com a qual narra o filme de maneira invejável. A narração, por exemplo, quase sempre uma escora narrativa, aqui é a forma perfeita de condição da históra.

c) Holy Motors: Não sei o que outros entenderam, mas, pra mim, Holy Motors é um filme sobre o cinema e sobre a força do cinema – e isso eu “intui” desde a primeira cena do filme. Foi assim que todas as histórias separadas do filme se juntaram para mim, formando um microcosmo ao mesmo tempo curioso e poderoso. E tudo isso ancorado pela atuação central marcante de Denis Lavant, que vai levando o filme, junto com a direção segura e sem grandes firulas de Carax (fora a grande firula que é o filme inteiro, claro), de forma tranquila e sutil.

d) Moonrise Kingdom: Aqui eu vou falar menos porque pretendo escrever mais sobre ele depois, mas que fique claro que eu sou fã do Anderson e este aqui é o filme mais “wesandersoniano” (!) que já vi. Lindo, fofo, precioso. Se você, como eu, apreciar o trabalho do sujeito, vá logo; se não, vá com cuidado.

e) Viola: Filme argentino que vi sem ter conhecimento nenhum e que me decepcionou um pouco na hora, mas só cresceu desde então. Algumas cenas, como aquela que envolve o ensaio de uma cena de teatro por duas atrizes, são conduzidas com um frescor e uma vivacidade  incríveis, a câmera sempre perto dos personagens, e eles sempre próximos. Além disso, as atuações femininas do filme são ótimas.

f) Bad 25: Documentário sobre a produção do albúm Bad, do Michael Jackson. Mostra não só o tanto que o músico era perfeccionista mas também o tanto que era talentoso, coisa que todo mundo já sabe mas é sempre bom ver em vídeos e áudios inéditos. Legal também a estrutura que Lee escolheu, tratando de cada música separadamente e aprofundando-se no que precisava, levando o tempo que precisava, criando assim dois ou três momentos incrivelmente comoventes durante a projeção. Pra quem é fã, uma excelente pedida.

g) A Última Vez Que Vi Macau: Impossível não pensar em Chris Marker ao ver esse filme (eu o fiz com o pouco que conheço do diretor). Ainda assim, essa não é a única influência do filme, que flerta também com uma história de mistério com toques fantásticos, tudo calcado na realidade do documentário, que torna as coisas muito mais incríveis.

4) Vi também alguns filmes não-inéditos, todos excelentes. A retrospectiva do John Carpenter foi a que mais aproveitei, em que descobri muitas belezuras. Descobri também um Fellini e um Oliveira, ambos maravilhosos. Desse balaio, destaco (em ordem alfabética e curtinho, porque ainda não me atrevo a tratar de clássicos):

a) Aniki-Bobó: A infância pelos olhos e sensibilidade de Manuel de Oliveira, mas, muito mais que isso, um belo filme.

b) Assato à 13ª DP: Aula de cinema de Carpenter, que com um cenário e uma premissa simples faz um filme soberbo.

c) A Doce Vida: Segundo Fellini que vejo e ainda não me decepcionei. A beleza desse filme, com seus episódios, está na atualidade e universalidade.

d) Eles Vivem: Humor negro do melhor, com crítica social visível mas flúida. Tem ainda uma das melhores cenas de luta que já vi.

e) O Enigma de Outro Mundo: Outro belo trabalho do Carpenter, uma história de ficção científica tensa na medida certa.

5) Poucas sessões foram em película, o que é ao mesmo tempo compreensível e triste. Apesar disso, vi alguns digitais bons. Poucos, mas existiam.

Os Mercenários 1 e 2

Dois filmes. Um de 2010, outro de 2012. Um visto apenas para ver o outro. Um me agradou muito, outro não. Esta é minha história com a franquia The Expendables, que está aí fazendo um revival dos filmes de ação dos anos 80.

Uma ideia muito digna, por sinal. Pena que não me afeta quanto afeta tantos. Não tive esses caras, afinal, como heróis na infância. Não, minha vida de infante dos anos 90 não teve heróis de ação. Uma pena. Na verdade, não lembro muito da minha vida até os 10 anos de idade; os únicos filmes que guardo com nostalgia são Space Jam, O Fantasma (aquele com o Billy Zane), De Volta pro Futuro (eu sei que é dos anos 80) e O Rei Leão e o único cara que posso chamar de herói de ação de quem eu vi vários filmes é o Jason Stathan. Vai entender.

Mas esse post era sobre os dois últimos filmes do Stallone, certo?

Como já adiantei antes, eu gostei de um deles: o segundo. Os Mercenários, entretanto, achei bem ruinzinho. Não fiquei decepcionado porque não fui esperando muito, mas não esperava encontrar cenas de ação tão toscas e diálogos tão vergonhosos.

Pra começar, a ação do filme é completamente incoerente. Parece que os montadores simplesmente jogaram os rolos pra cima e escolheram os que caíram à esquerda ou a direita. Você não consegue dizer pra onde os personagens então indo, com quem eles estão lutando, quem explodiu o que. Uma completa convulsão na sala de edição.

Os diálogos, por sua vez, são difíceis de digerir. Frases de efeito eram esperadas mas, quando todas as falas o são e todas demonstram certo nível de  artificialidade (algumas mais que outras), temos aí um problema. E o humor que elas poderiam adicionar ao filme, infelizmente, não acontece. Temos apenas facepalms induzidos durante minutos a fio.

Não reclamo da história: grupo de mercenários liderados por Sly contratados pela CIA para acabar com ditador na América do Sul. Não esperava muito dela mesmo, mas eles poderiam ter desenvolvidos melhor o roteiro; poderiam ter feito algo de certa qualidade, algo como o segundo filme, 2012.

Visto dois dias após o primeiro, confesso que Os Mercenários 2 foi uma bela surpresa. Os erros do primeiro filme, felizmente, foram deixados para trás. O que temos é uma bela comédia de ação, autorrefernte e engraçadíssima. Dessa vez, o que se passa na tela é completamente compreensível – um feito incrível, se considerarmos que o filme foi dirigido por Simon West. As cenas de ação são coesas e, acima de tudo, divertem.

O roteiro, por sua vez, carrega-se novamente com diálogos espertos, mas dessa vez eles funcionam. A interação dos atores em tela é bem melhor e todos parecem estar se divertindo, confortáveis. As piadas com falas clássicas do gênero também são excelentes, e o timing é sempre perfeito. Confesso que até Terry Crews, que nunca me convenceu como astro de ação, está bem (guardando os limites, claro). E o que dizer de Van Damme fazendo suas piruetas e da tão esperada cena de ação que junta Willis, Schwarzenegger e Stallone? Uma delícia. Posso não ter crescido nos anos 80, mas sei dar valor a esses caras.

O único porém, fora as limitações de gênero (como a historinha de vingança furada), foi o grão adotado pelo diretor de fotografia. Não sei se ele queria fazer um soft focus pra apagar as rugas dos caras ou se queria apenas emular uma película bem gasta, dos anos 80, mas não funcionou. Aquilo ali mais atrapalha que ajuda, mas não atrapalha o suficiente para tornar o filme ruim. Apenas um pequeno detalhe.

No fim das contas, temos aqui um belo exemplar do gênero de ação, e espero que mantenha o nível desse segundo filme daqui em diante, e não descambem para a bobeira generalizada que é o primeiro.

Day 1

Já faz algum tempo que conservo na cabeça a ideia de criar um blog, um local onde possa desenvolver acerca dos assuntos que me interessam. O pensamento inicial é escrever text- (-inhos ou -ões) mais pessoais, melhor, menos preocupados. O pensamento inicial é apenas escrever, porque acho que não tenho a carga necessária para fazer desenvolvimentos extensos e rigorosos. Não ainda. Um dos motivos para criar esse espaço, aliás, é amadurecer a escrita e, porque não, adquirir um pouco de carga – e talvez um dia eu possa escrever longos ensaios sobre temas que me interessam.

Mas isso tudo o título já adianta, e adianta também que o assunto primordial (mas não o único) aqui será cinema. Não me considero crítico, entretanto; a internet já tem gente demais achando que o é. Eu quero apenas escrever, colocar o que penso sobre determinado filme em algum lugar, deixar claro para alguém. Mas isso tudo, como já disse, de forma mais solta, despretenciosa, como entradas em um diário.

É isso. Bem vindos ao meu diário.