Os Mercenários 1 e 2

Dois filmes. Um de 2010, outro de 2012. Um visto apenas para ver o outro. Um me agradou muito, outro não. Esta é minha história com a franquia The Expendables, que está aí fazendo um revival dos filmes de ação dos anos 80.

Uma ideia muito digna, por sinal. Pena que não me afeta quanto afeta tantos. Não tive esses caras, afinal, como heróis na infância. Não, minha vida de infante dos anos 90 não teve heróis de ação. Uma pena. Na verdade, não lembro muito da minha vida até os 10 anos de idade; os únicos filmes que guardo com nostalgia são Space Jam, O Fantasma (aquele com o Billy Zane), De Volta pro Futuro (eu sei que é dos anos 80) e O Rei Leão e o único cara que posso chamar de herói de ação de quem eu vi vários filmes é o Jason Stathan. Vai entender.

Mas esse post era sobre os dois últimos filmes do Stallone, certo?

Como já adiantei antes, eu gostei de um deles: o segundo. Os Mercenários, entretanto, achei bem ruinzinho. Não fiquei decepcionado porque não fui esperando muito, mas não esperava encontrar cenas de ação tão toscas e diálogos tão vergonhosos.

Pra começar, a ação do filme é completamente incoerente. Parece que os montadores simplesmente jogaram os rolos pra cima e escolheram os que caíram à esquerda ou a direita. Você não consegue dizer pra onde os personagens então indo, com quem eles estão lutando, quem explodiu o que. Uma completa convulsão na sala de edição.

Os diálogos, por sua vez, são difíceis de digerir. Frases de efeito eram esperadas mas, quando todas as falas o são e todas demonstram certo nível de  artificialidade (algumas mais que outras), temos aí um problema. E o humor que elas poderiam adicionar ao filme, infelizmente, não acontece. Temos apenas facepalms induzidos durante minutos a fio.

Não reclamo da história: grupo de mercenários liderados por Sly contratados pela CIA para acabar com ditador na América do Sul. Não esperava muito dela mesmo, mas eles poderiam ter desenvolvidos melhor o roteiro; poderiam ter feito algo de certa qualidade, algo como o segundo filme, 2012.

Visto dois dias após o primeiro, confesso que Os Mercenários 2 foi uma bela surpresa. Os erros do primeiro filme, felizmente, foram deixados para trás. O que temos é uma bela comédia de ação, autorrefernte e engraçadíssima. Dessa vez, o que se passa na tela é completamente compreensível – um feito incrível, se considerarmos que o filme foi dirigido por Simon West. As cenas de ação são coesas e, acima de tudo, divertem.

O roteiro, por sua vez, carrega-se novamente com diálogos espertos, mas dessa vez eles funcionam. A interação dos atores em tela é bem melhor e todos parecem estar se divertindo, confortáveis. As piadas com falas clássicas do gênero também são excelentes, e o timing é sempre perfeito. Confesso que até Terry Crews, que nunca me convenceu como astro de ação, está bem (guardando os limites, claro). E o que dizer de Van Damme fazendo suas piruetas e da tão esperada cena de ação que junta Willis, Schwarzenegger e Stallone? Uma delícia. Posso não ter crescido nos anos 80, mas sei dar valor a esses caras.

O único porém, fora as limitações de gênero (como a historinha de vingança furada), foi o grão adotado pelo diretor de fotografia. Não sei se ele queria fazer um soft focus pra apagar as rugas dos caras ou se queria apenas emular uma película bem gasta, dos anos 80, mas não funcionou. Aquilo ali mais atrapalha que ajuda, mas não atrapalha o suficiente para tornar o filme ruim. Apenas um pequeno detalhe.

No fim das contas, temos aqui um belo exemplar do gênero de ação, e espero que mantenha o nível desse segundo filme daqui em diante, e não descambem para a bobeira generalizada que é o primeiro.